lunes, 15 de abril de 2013

da marginalidade como argumento.


(Isto é uma tarefa. aproveito para atualizar o blog)

da marginalidade como argumento.

ainda hoje não consigo fazer que o meu colega carlitos "kabuto" assista de novo ao filme Cidade de Deus (Fernando Meirelles e Kátia Lund, 2002). é possivel que sua atividade como professor em bachilleratos populares (escolas organizadas por organizações sociais e cooperativas em empresas recuperadas, bairros populares -as vezes marginais, etc) tenha influenciado na sua opinião. carlitos acha que é um filme, por assim dizer, fetichista. o pequeno-burgês, confortável na poltrona, se regozija vendo todos os estereótipos que a cultura dos mass media acumulou sobre a vida nas favelas: violência, drogas, ignorância, armas. todo isso é verdade. entretanto, são todos os filmes da vida na marginalidade a mesma coisa? qual a diferença entre Leonera (2008) e Elefante Blanco (2012) de Trapero. qual entre pizza, birra, faso (1997) e a minissérie Tumberos (2002) de Caetano? todas essas produções põem em cena lugares comuns, mas não necessariamente fazem deles o foco de seus argumentos. quando você assiste a un filme como Trainspotting (Danny Boyle, 1996) ou a uma minissérie como Okupas (Stagnaro, 2000), a marginalidade e a miséria são o pano de fundo de una história bem contada que te pega por si propria. pano de fundo necessário para condições de verossimilhança certas, mas pano de fundo em todo caso. os personagens se encontram e lidam com a marginalidade mas não estão limitados a ela. transbordam suas condições. lamentavelmente, não é assím que acontece com Cidade dos homens (Pablo Morelli, 2007). o filme, como o de Meirelles e Lund, coloca a Douglas Silva como co-protagonista ("Dadinho" na mas velha, "Acerola" na nova). em ambos filmes tem dois caras tentando coexistir na favela com os traficantes mas sem se envolver com eles. contudo, onde Meirelles e Lund contam una história triste bem como bela, Morelli esboça um novo capítulo -embora seja divertido- da mesma história de sempre: a história da violéncia, das drogas, das armas, etc.

então, carlitos: assiste a Cidade dos Homens, e depois, volta ver Cidade de Deus. acredito que na diferença encontrará o verdadeiro valor da segunda.

15/4/13

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